Não consigo lidar com o crescimento do meu filho – e agora?
- Rakechi Maria da Silva
- 14 de fev.
- 2 min de leitura
Atualizado: 3 de jul.

A dificuldade de lidar com a autonomia dos filhos, expressa muitas vezes em momentos simbólicos de separação iminente - a cada marco do desenvolvimento, movimento e exposições ao ordenamento cultural, como o desmame, o desfralde, a início escolar, a maioridade, etc., pode significar que estamos diante de uma relação simbiótica, ou seja, uma relação de vínculo excessivamente intenso.

Tal configuração pode ser consequência de conflitos que a pessoa que ocupa a função materna possui em relação à sua própria história, vivenciados quando houve a entrada de um terceiro nessa relação mãe-filho (pai, irmãos, trabalho).
A falta que a falta faz: A importância da função paterna
É importante demarcar: essa função, assim como a função materna, não está ligada a gênero ou a uma pessoa específica do núcleo familiar, daí o termo função. Simbólica, tal condição é estruturante para o sujeito. A função materna, o acolhimento à dependência do bebê, possibilitar espaço psíquico para a criança existir, é crucial. A função paterna – o corte, também o é; deixar a “vossa majestade, o bebê” cair de seu trono.
Como romper com essa relação simbiótica e inaugurar outro vínculo possível?
Envolve superar aquele momento inicial de ser tudo para o bebê e deixá-lo tatear o mundo, se apropriando de sua independência. Permitir que a mesma prescinda dos “pais e mestres”, também poderia ser uma maneira de dizer. Assumir-se enquanto seres faltosos, reconhecendo a devida desimportância para que os filhos se tornem desejantes e a falta seja sentida como parte da vida.
Não se conscientizar e buscar elaborar tal dinâmica, ou mesmo mantê-la, pode ser prejudicial para a dupla, por trazer esgotamento, favorecer a dependência mútua, inibindo a confiança, segurança e autoestima dos filhos.
Portanto, reconhecer ganhos em relação ao desenvolvimento do filho como potenciais para si e para o outro, é um caminho possível para estabelecer outra qualidade de vínculo. Isso se dá através de nomear e lidar com a sua impotência, os seus afetos, a própria vida, olhar para além da suposta proteção do ninho.
